Paternidade em Foco: Experiência possível de reconstrução da masculinidade

Paternidade em Foco: Experiência possível de reconstrução da masculinidade

A paternidade não determina a masculinidade, porém modela e ressignifica a experiência do masculino em diversas expressões. Diante do grande número de abandono paterno, a decisão de se responsabilizar pela descendência faz-se um ato de responsabilidade digno.

Não sem desafio e impasses, a paternidade atualmente coloca muitas questões. Tanto pela complexidade que envolve a parentalidade hoje, quanto pela importância que implica ser pai em qualquer outra época.

Dentre muitos aspectos, ser pai é se responsabilizar-se pelo outro que demanda cuidado, atenção e tempo (capital da vida). O ser em formação, o filho, é por natureza dependente.  E para a construção de sua autonomia (independência), precisa de amplo cuidado e atenção.

O homem, pai em exercício, ver-se desafiado a se construir e ser diferente. É impelido e modificado por imperativo desta experiência, por componentes não apenas legais, morais, porém afetivo e ético.  Passa então a ser demando em contextos centrais e paradoxais.  Se na experiência masculina, é sabido da dificuldade de autocuidado e de gerir a vida, em sentido amplo, como já dissemos em outras exposições, a chegado do filho requer esse cuidado duplo e recíproco. É aí que nasce o cuidador e o cuidado de si.

Amar é dar o que não se tem. É desse ofício impossível, que faz-se possível exercer a função paterna. A paternidade é uma experiência propícia que convida o homem, pai em exercício, a rever a masculinidade. Abre possibilidade para generosidade não só com o outro, mas consigo. Assim, práticas autocuidado da saúde e saúde mental, torna-se fundamental dentro do grupo familiar em várias esferas da parentalidade. A paternidade, assim, redefine a experiência de masculinidade.

 

Texto Por: Antonio Neto Adorno – psicólogo e psicanalista